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Eduardo Romero pede inclusão de outros segmentos religiosos na Quinta Gospel

07.08.2014 · 12:00 · Vereador Eduardo Romero

 
A reivindicação de um cidadão campo-grandense, encaminha por meio do gabinete do vereador Eduardo Romero (PTdoB), causou grande polêmica na sessão ordinária desta quinta-feira (7), na Câmara Municipal.  Dirigente de um templo religioso de Umbanda, Elson Borges dos Santos, encaminhou ofício à Fundação Municipal de Cultura (Fundac) questionando a viabilidade da contratação do show da cantora Rita Ribeiro, que homenageia religiões de matriz africana para o evento “Quinta Gospel”.
 
Em resposta, a Fundac se posicionou contrária à solicitação, por “fugir a proposta do evento, destinado ao público evangélico cristão”. No documento assinado pela diretora presidente da fundação, Juliana Zorzo, há ainda um resgate da tramitação do projeto que deu origem à Quinta Gospel, instituída pela lei 5.092/12, proposta pelo então vereador Lidio Lopes. De acordo com a resposta, “a Quinta Gospel foi assinada pela maioria dos vereadores evangélicos, com o proposito de oferecer atrações regionais e nacionais do meio Gospel Evangélico… A lei reconhece como manifestação cultural as músicas e eventos gospel evangélico”.
 
Com ambos os ofícios em mãos, Elson procurou o gabinete do vereador Eduardo Romero, a fim de questionar o dispositivo legal. O parlamentar checou que a proposição e a lei, aprovada e sancionada, não faz qualquer menção restritiva do evento ao público evangélico. Composta por apenas quatro parágrafos, a lei determina apenas que o evento fica instituído na Praça do Rádio Clube (artigo 1º), que será realizada na quinta-feira que antecede a Noite da Seresta, utilizando a mesma estrutura (artigo 2º) e que deverá ser realizada com artistas nacionais e regionais (artigo 3º). O              quarto e último artigo diz que a lei entra em vigor na data de sua publicação, que se deu no dia 23 de julho de 2012.
 
Em sua fala o vereador Eduardo Romero defendeu que entende-se por música gospel qualquer gênero musical de cunho religioso, o que habilita artistas de qualquer  denominação religiosa a participar do evento. “Nesse contexto temos que ressaltar que a Quinta Gospel é um evento destinado aos campo-grandenses, custeado com o imposto de todos, inclusive dos que não têm religião, não somente do segmento evangélico. Não podemos admitir a ideia de que tenhamos que criar um evento, utilizando recurso público, para contemplar cada religião”, argumentou.
 
De acordo com as definições dos dicionários Michaelis e Priberam da Língua Portuguesa, "Gospel" é um "estilo musical caracterizado pelas letras com mensagens religiosas e ritmos variados" e  "musica religiosa originária de comunidades negras norte-americanas". Gospel é uma palavra de origem americana, oriunda da contração de "God" e "Spell", que significam, respectivamente, "Deus" e "Apelar, Soletrar". Derivada dos "Spirituals", o cântico religioso dos escravos negros americanos.
 
Romero também citou o princípio do Estado Laico, explícito na Constituição Federal Brasileira, que preconiza que o país não segue nenhuma denominação religiosa, mas abrange a todas, sem distinção. “Somos legisladores e devemos ser legalistas, o que nos torna representamos todos e todas munícipes de Campo Grande. Devemos pensar como gestores públicos e deixar pra dizer quem entra e quem não entra cada qual em seu templo religioso. Não podemos permitir que a presidente de uma fundação tão diversificada quanto a de Cultura promova um afunilamento religioso em nossa cidade”, finalizou.
 
O vereador Eduardo Romero expediu ofício à Fundac contendo as argumentações expostas e reportou o caso à promotora dos Direitos Humanos, Jaceguara Dantas da Silva Passos, da 67ª Promotoria de Justiça de Campo Grande, com pedido de providências.
 
Lucas Junot 
Assessoria de Imprensa do Vereador