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Audiência Pública resulta em grupo para elaboração de política de combate à Leishmaniose

15.08.2014 · 12:00 · Vereador Eduardo Romero

Audiência pública sobre o tema ‘Prevenção e combate a leishmaniose – estamos no caminho certo?’, realizada nesta sexta-feira (15), na Câmara Municipal, resultou de quatro encaminhamentos para o controle da doença em Campo Grande. Entre os principais encaminhamentos, um grupo de trabalho multidisciplinar será composto por técnicos de diferentes representações, a fim de elaborar, em conjunto com o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), uma política municipal de combate à Leishmaniose.
 
 
O vereador Eduardo Romero (PTdoB), proponente da Audiência Pública, sugeriu também a instauração da Comissão Permanente do Bem Estar Animal na Casa de Leis. A Secretaria Municipal de Meio Ambiente também será oficiada a fim de promover fiscalização nos imóveis fechados e terrenos baldios da Capital, como medida do controle vetorial da doença.
 
Sugere-se também que o controle populacional dos animais seja efetuado por meio da ampliação dos procedimentos de castração de animais. De acordo com os veterinários, a transmissão vertical da doença e um dos agravantes nos índices de animais infectados, isto é, a transmissão da cadela para seus filhotes.
 
Outro ponto bastante citado pelos veterinários é que a falta de informação colabora para a não erradicação da doença. Segundo a categoria, o animal é apenas reservatório da doença, mas não a transmite. A transmissão da Leishmaniose se dá pela picada do mosquito “Palha”, a exemplo da dengue. “Não se pega dengue de outra pessoa, pois é uma doença vetorial, transmitida por um mosquito, assim como a Leishmaniose”.
 
Com a presença expressiva de médicos veterinários, a eficácia da eutanásia de cães também foi questionada, já que os animais não transmitem a doença. Os veterinários defendem ainda a ideia de que, em locais onde não há cães, as pessoas estão mais vulneráveis à picada do mosquito.
 
De acordo com informações repassadas pela Coordenadoria de Controle de Zoonoses (CCZ) ao gabinete do vereador, desde o dia 25 de julho o órgão não recebe do Ministério da Saúde kit para testagem de leishmaniose em cães. Por conta disto não está recolhendo ou recebendo animais com a suspeita da doença. Quem suspeita que o animal esteja infectado tem que recorrer às clínicas particulares para efetuar o diagnóstico. Caso seja confirmada a doença, o proprietário pode apresentar laudo e o CCZ faz o recolhimento, mas não realiza o tratamento, apenas a eutanásia.
 
Ainda conforme a CCZ, em 2013 foram eutanasiados 16.323 cães e destes 94,28% por serem portadores de leishmaniose. Nos primeiros sete meses deste ano foram 8.536 animais, numa média de 1.219 por mês, com 94,6% deles com leishmaniose.
 
‘Eutanásia de cães não resolve toda problemática da leishmaniose. A política pública de educação da população e combate ao mosquito transmissor, o palha, vem antes de qualquer discussão, pois se existem animais doentes, humanos sendo infectados é porque o mosquito está se proliferando nas casas, nos terrenos baldios que oferecem condições de reprodução’, defende o vereador.
 
Outra polêmica permeia a questão: o tratamento dos animais com sorologia positiva. O Conselho Regional de Medicina Veterinária, que segue determinação federal, não permite o tratamento de animais com medicamentos não registrados no país, ainda que tenham eficácia comprovada no exterior.
 
A doença
 
Os principais sintomas da leishmaniose para os cães são o emagrecimento repentino e lesões em várias partes do corpo. O mosquito é encontrado em regiões de mata e na cidade, em regiões periurbanas, principalmente onde há árvores e que as folhas caem no chão e ficam úmidas. Esse é um ambiente propício para a proliferação do mosquito transmissor da leishmaniose, aí esse mosquito pica um animal que está contaminado e passa a transmitir a doença para o ser humano.
 
Há dois tipos da doença nos seres humanos: a cutânea e a visceral. A leishmaniose cutânea é caracterizada por úlceras, em formato de crateras de vulcão, na pele. A visceral acomete órgãos internos, principalmente o fígado e o baço, tendo uma complicação mais grave e com risco de morte. Os sintomas são febre, debilidade do organismo e comprometimento do fígado e do baço.
 
Lucas Junot 
Assessoria de imprensa do vereador