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Saúde da Mulher é tema de audiência pública na Câmara Municipal

28.05.2019 · 12:00 · Audiência Pública

O Dia Internacional de Luta pela Saúde da Mulher foi tema, nesta terça-feira (28), de audiência na Câmara Municipal de Campo Grande. O debate levantou temas como assistência às mulheres durante o pré-natal, parto e puerpério, hipertensão, hemorragia, infecções puerperais, doenças do aparelho circulatório, entre outras.

“Meus familiares são usuários do SUS [Sistema Único de Saúde]. Aquela pessoa que está ali é como se fosse um parente meu. Temos que dar o melhor, pois, na hora do parto, a mulher está vulnerável. Precisamos nos preocupar”, disse a ginecologista e obstetra Rubia Borges Loureiro, que atua na assistência ao parto normal com boas práticas.

A audiência foi proposta pelo vereador Gilmar da Cruz e convocada pela Comissão de Saúde, composta pelos vereadores Dr. Lívio (presidente), Enfermeira Cida Amaral (vice-presidente), Veterinário Francisco, Dr. Wilson Sami e Fritz. 

No dia 28 de maio, é celebrado o Dia Internacional de Luta pela Saúde da Mulher e também o Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna. Ambas têm como objetivo chamar a atenção e conscientizar a sociedade dos diversos problemas de saúde e distúrbios comuns na vida das mulheres.

“Na boa prática da obstetrícia, quando se fala em parto humanizado, se fala em pré-natal. Como médico da rede pública, insistia na presença da nutricionista, da psicóloga. Hoje, não temos uma equipe multidisciplinar para fazer o acompanhamento. Precisamos de um acompanhamento melhor na rede pública. Quando se fala em parto humanizado, não é só aquela assistência na hora do parto. Temos que dar atenção especial à gestante, pois ela está fragilizada”, disse o vereador Dr. Wilson Sami.

A Agência Nacional de Saúde Suplementar, vinculada ao Ministério da Saúde, elenca algumas das principais doenças que afetam o sexo feminino: câncer de mama, endometriose, infecção urinária, câncer no colo do útero, fibromialgia, depressão e obesidade.

“Me assustei, pois vi aqui uma taxa de mortalidade materna que, a cada 100 mil mulheres mães, em torno de 73 vem a óbito. Esse número vem crescendo cada vez mais. O que tem levado essas mulheres à óbito? Existem doenças pouco discutidas em nossa sociedade”, analisou o vereador Betinho.  

Em sua fala, o vereador Dr. Loester defendeu o acompanhamento contínuo do mesmo médico durante o pré-natal. “Hoje, a paciente, por incrível que pareça, termina seu pré-natal, isso quando consegue fazer, com três médicos naquele período. No hospital, é um médico que ela nunca viu. Ela não tem aquela segurança. Dá confusão, problemas, reclamações. Uma grande vitória que a mulher teve nessa caminhada é o direito a um acompanhante na sala de parto. Para nós, foi a melhor coisa. Ela vê como está sendo o atendimento e obriga o profissional a dar mais atenção”, lembrou.

Para o deputado estadual Antônio Vaz, presidente da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, a burocracia não pode atrapalhar o atendimento às mulheres. “Nós estamos fiscalizando, mas há uma burocracia muito grande, está tudo travado em Brasília, que não manda dinheiro para os estados. A saúde do Brasil não pode parar. Pode faltar dinheiro, mas não pode faltar saúde. A pessoa enferma fica desesperada, e ela procura no serviço público uma resposta para o seu problema. E quantas mulheres estão sofrendo em nosso país? O maior presente que podemos dar é este atendimento, é consideração”, avaliou.

A subsecretária adjunta de Política para as Mulheres de Campo Grande, Ione Coelho, afirmou que a saúde da mulher tem suas peculiaridades. “A saúde da mulher tem sua especificidade, mas tem, também, a sua transversalidade. Não dá para pensar em saúde da mulher sem pensarmos a mulher como uma cidadã de direitos, que tem que ter atendimento na saúde, na educação, na assistência social, habitação, transporte. Temos um índice de assédio nos ônibus que é uma coisa absurda”, lembrou.

A presidente do PRB Mulher em Mato Grosso do Sul, Desire Queiroz, citou um outro recorte da saúde da mulher: a maternidade infantil. “Quando tratamos de maternidade, tratamos de um recorte social importante: muitas vezes são jovens que estão tendo seus filhos entre 11 e 12 anos, aí falamos de pedofilia, estupro de vulnerável. Vemos essa realidade muito dura. Como chegar no hospital para tratar aquela menina, vítima de um casamento infantil, que está grávida? Provavelmente ela terá um parto de risco”, lamentou. 

O presidente da Associação das Vítimas de Erros Médicos, Valdemar Moraes de Souza, criticou o atendimento na rede pública. “O atendimento é precário. Nossa saúde está precária, não está em condições. Tem que melhorar a qualidade. Todos os postos estão péssimos, o atendimento. Muitas vezes tem um médico para atender 50 pessoas. Os erros médicos vão continuar, infelizmente”, cravou.

O vereador Gilmar da Cruz, em sua fala, afirmou que os encaminhamentos tirados durante a audiência se tornarão projetos de lei. “O tema debatido é importante para melhorar a assistência para as mulheres em todas as fases da vida, especialmente na gravidez e no resguardo, para reduzir ainda mais a taxa de mortalidade materna. Temos que lutar mais pelos direitos das mulheres”, finalizou.

Jeozadaque Garcia
Assessoria de Imprensa da Câmara Municipal