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Intervenções para duplicação da BR-163 preocupam moradores de Anhanduí

10.04.2015 · 12:00 · Audiência Pública

As intervenções necessárias para a duplicação da BR-163, que corta o Estado de norte a sul, têm preocupado moradores do distrito de Anhanduí, a 60 quilômetros de Campo Grande. Eles compareceram à audiência pública realizada nesta sexta-feira (10), na Câmara Municipal, e alertaram sobre a possível retirada do fluxo de veículos que corta o local, cuja economia sustenta-se, principalmente, no comércio de artesanato e produtos alimentícios às margens da via.
 
“Vai matar o distrito se matar o comércio. Não tem como correr dessa responsabilidade. A vida econômica do lugar e das pessoas que vivem ali depende disso. Acabou com os comerciantes, acaba o local. Já tem lugar nesse Estado que acabou. Falou de R$ 4,38 do pedágio, não tem como fugir. O contrato já está entregue, eles são donos por 30 anos”, criticou o professor Ernesto Francisco dos Santos.
 
O debate foi convocado pela Comissão Permanente de Obras Públicas da Câmara Municipal, composta pelos vereadores Carlão (presidente), Engenheiro Edson (licenciado), Alceu Bueno, Ayrton Araújo do PT e Chiquinho Telles, e pelo presidente da Casa de Leis, vereador Mario Cesar. Participaram membros do Executivo, moradores das regiões afetadas pelas mudanças, além de representantes da empresa.
 
O Padre Eduardo, da Paróquia do Distrito, também demonstrou preocupação com as intervenções. “Algumas coisas nos preocupam. Acredito que uma fiscalização maior, diante de algumas situações, seria interessante. Eu já vi recapear um dia e, no dia seguinte, ter buraco. Isso é uma preocupação. O projeto é muito bonito, o Estado todo vai ganhar, mas muitas famílias sobrevivem dessas barracas. Muitas pessoas que trafegam nessa BR compram. Quem vai sair da BR para uma via lateral para comprar? Ninguém sai. O projeto poderia ter sido melhor se a comunidade fosse ouvida”, disse.
 
O diretor-presidente do Planurb (Instituto Municipal de Planejamento Urbano e Meio Ambiente), Marcos Antônio Cristaldo, destacou que o projeto apresentado contempla cinco intervenções em Campo Grande, sendo quatro na área urbana e uma na rural, todas aprovadas pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres). “Apenas esses cinco dispositivos não contemplam o interesse de Campo Grande”, ponderou, sugerindo outras intervenções para a melhora no fluxo de veículos.
 
O vereador Carlão, presidente da Comissão de Obras, afirmou que a Câmara vai realizar uma audiência pública em Anhanduí, para conhecer de perto a realidade local, além de uma reunião com representantes da ANTT e com a bancada federal de Mato Grosso do Sul no Congresso.
 
Concessão – A concessão da BR-163, que possui 847 quilômetros em território sul-mato-grossense, foi concluída em maio do ano passado. Em outubro, a CCR MSVia assumiu o controle por um prazo de 30 anos. Segundo Claudemir Alves Mata, relações institucionais da empresa, a idéia é duplicar toda a BR, conhecida como “Rodovia da Morte”, nos próximos cinco anos.
 
“Inicialmente, serão duplicados 10% dos trecos, o que permitirá colocar em funcionamento as praças de pedágio para começar a receber o retorno dos investimentos. Hoje, o pedágio custa, em média R$ 5 para cada 100 quilômetros”, afirmou.
 
Jeozadaque Garcia
Assessoria de Imprensa da Câmara Municipal