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Em audiência na Câmara, profissionais da saúde protestam contra corte nos plantões

20.03.2015 · 12:00 · Audiência Pública

O corte de gastos da Prefeitura de Campo Grande, que atingiu também os servidores da saúde, foi alvo de críticas durante audiência pública realizada pela Câmara Municipal, na tarde desta sexta-feira (20). Representantes do setor reclamaram do corte nos plantões e, em conjunto com os vereadores e membros do Executivo, criaram uma Comissão Multidisciplinar para buscar a melhor solução para o caso.
 
“Nossa primeira preocupação é o impacto desse corte, diminuição dos postos de trabalho, na saúde da população campo-grandense. Vamos continuar atendendo, com tranquilidade, trabalhando muito, mas temos nossas limitações. Gostaria que vocês tivessem essa sensibilidade por nós e nossos pacientes”, disse Renato Loureiro, presidente do Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul.
 
A audiência reuniu servidores ligados às mais diversas áreas, como medicina, enfermagem, farmácia, assistência social, além de administrativos e usuários da rede pública de saúde. Renato Peixoto, usuário do sistema, foi um dos primeiros a falar e cobrou medidas urgentes para impedir os cortes.
 
“É uma situação preocupante. O Poder Legislativo não pode outorgar poderes para o Executivo. Ele tem que fiscalizar e sugerir mudanças. Eu não posso, como administrador, tirar dinheiro da saúde e enfiar no buraco da rua. Hoje, o cidadão está abandonado, não só na saúde, mas em vários setores. Não acredito que fazer economia na saúde seja uma atitude sensata, inteligente e moral”, disse.
 
Servidores ouvidos relataram uma série de problemas enfrentados no dia a dia. Casos de agressão aos profissionais, segundo eles, são frequentes. Alguns chegam a comprar papel e caneta com o dinheiro do próprio bolso para utilizarem nas unidades de saúde da Capital.
 
“Não viemos aqui para badernar, apitar ou atrapalhar. Queremos é ser ouvidos. Tivemos situações de grande estresse, de grande preocupação, pois queremos atendimento à criança, ao idoso, ao acidentado”, disse Ione Coelho, do Conselho Regional de Serviço Social. “Não queremos garantir somente nosso salário, mas a qualidade da assistência. Hoje, se tivermos esse corte, não vamos sobreviver. Hoje, temos administrativos ganhando menos de um salário mínimo. Isso é inconstitucional”, continuou Shirley Gonçalves, do fórum dos trabalhadores da saúde.
 
Sem cortes – Presente na audiência, o secretário Municipal de Saúde, Jamal Salém, garantiu que não haverá cortes nos plantões sem aval da Comissão criada com representantes das categorias. “Não é fácil tomar essas medidas. Em momento nenhum a Sesau pensou em fazer cortes. Na saúde, qualquer corte que for fazer, vai afetar o atendimento. Nossa demanda aumentou muito e mais de 50% dos pacientes vêm do interior. Sabemos que, para a maioria, o plantão faz parte do salário. Se cortar, vai afetar muito vocês. Por isso, acho muito importante a criação dessa comissão, na qual cada categoria terá seu representante para a gente achar e fazer a readequação dos plantões”, afirmou.
 
Já o secretário de Administração, Wilson Prado, lembrou que a Prefeitura está no limite prudencial para gastos com pessoal, já que 51% da receita é empregada com o funcionalismo. Segundo ele, as pastas de saúde e educação consomem 77% da folha salarial. “Sempre que há uma adequação financeira, automaticamente, isso gera um efeito nessas duas categorias. A gente, na distribuição do nosso orçamento, precisa atender todos. Nós cortamos em todas as secretarias, todos os lugares”, justificou.
 
Jeozadaque Garcia
Assessoria de Imprensa da Câmara Municipal