29.06.2018 · 12:00 · Audiência Pública
Os vereadores da Câmara Municipal de Campo Grande realizaram na manhã desta sexta-feira (29), Audiência Pública para discutir o tema: “Resíduos Sólidos – Inclusão Social”.
A reunião contou com dois palestrantes que defenderam políticas públicas efetivas para a valorização econômica e social da coleta de lixo realizada por catadores.
A primeira palestrante da audiência, doutora Jucineia Ceren alegou que a sociedade tem uma imagem distorcida do catador de lixo . “A imagem que a sociedade tem do catador é de um ofício degradante, a pessoa tem a ideia de que é o que sobrou para aquela pessoa fazer, queremos dar para o trabalhador a dignidade do trabalho. Mas já evoluiu muito com a implantação de algumas leis e decretos, mas há alguns pontos para ser regulamentados, cabe ao Executivo Municipal elaborar um decreto regulamentador para inserir esse catador no cenário da inclusão social”, defendeu.
Para o segundo palestrante, diretor da empresa Organoeste, Flavio pereira, o problema da valorização deste profissional não é ausência de leis, mas sim a aplicabilidade correta destas leis existentes. “Os poderes constituídos não aplicam as leis existentes, isso é triste. A Política Nacional de Resíduos Sólidos extinguiu os catadores, tirou fora do processo. O descumprimento da lei ou cumprimento da lei errada foi para o lado contrário”, ponderou.
O secretário da Coordenação do Fórum Municipal o Lixo e Cidadania, Luis Carlos Cobalcini ressaltou a importância em falar sobre o assunto. “Este assunto que está sendo debatido hoje é de extrema necessidade, infelizmente, a questão do lixo é associada a nossa desumanidade”, lamentou.
Para o presidente da Cooperativa dos Catadores dos Aterros Sanitários de Mato Grosso do Sul, Daniel Obelardo os catadores precisam de reconhecimento do seu trabalho desenvolvido para a sociedade. “Sou catador e há sete anos trabalho em cooperativas. Todos os catadores querem ter uma vida digna, que possamos ser reconhecidos e valorizados. Com as cooperativas prestamos contas, apresentamos licença ambiental, somos 140 pessoas trabalhando”, contou.
A presidente da Associação dos Aterros Sanitários de Mato Grosso do Sul, Gilda Macedo reforçou que os catadores realizam um trabalho para sociedade e para o meio ambiente. “Eu estou aqui representando outras cooperativas, somos excluídos e estamos esquecidos. Trabalhamos sob pressão, a partir do momento que é cooperativa pagamos impostos e estamos totalmente desassistidos, não temos fomento no nosso trabalho. Estamos preparados para incluir na educação ambiental os catadores, para fazer a coleta seletiva, precisamos que os órgãos públicos olhem por nós, pois, fazemos um trabalho para sociedade e para o meio ambiente”, disse.
“Sou a voz de vocês lá dentro, sou catadora como vocês. A lei de resíduos sólidos não pode ser uma lei vazia”, declarou a coordenadora do Fórum do Lixo e Cidadania, Cleonice Osório.
A gerente de desenvolvimento do Imasul, Elaine Barros defendeu a educação ambiental na sociedade. “Não adianta ter toda infraestrutura para o catador trabalhar se não tivermos um trabalho de educação ambiental na sociedade”, ressaltou.
Para a vereadora enfermeira Cida Amaral os catadores de materiais recicláveis são a esperança do meio ambiente. “Em muitos países de primeiro mundo a reutilização e reciclagem funcionam bem. Precisamos garantir a geração de renda dos catadores, isso é uma questão social, precisamos ressuscitar a economia que era ativa nas regiões de aterro sanitário da Capital. Precisamos garantir meios para geração e renda para essas famílias, atrelando isso com a diminuição de lixo no aterro. Os catadores de recicláveis são a esperança do meio ambiente, fazem do lixo o luxo, é uma fonte digna de geração de renda”, finalizou.
O debate foi convocado pela Comissão Permanente de Assistência Social e do Idoso, composta pelos vereadores Enfermeira Cida Amaral (Presidente), Betinho (Vice), Pastor Jeremias Flores, Valdir Gomes e André Salineiro.
Dayane Parron
Assessoria de Imprensa da Câmara Municipal