Juiz Odilon de Oliveira discursa na Câmara e defende a importância da família no combate ao uso de drogas

11.07.2013 · 12:00 · Palavra Livre

O combate às drogas e a importância da família foram tema de debate na sessão ordinária desta quinta-feira (11) na Câmara Municipal, que recebeu a visita do juiz federal Dr. Odilon de Oliveira que fez uso da Tribuna para discorrer sobre formas de prevenção ao uso de entorpecentes.

 

De acordo com Odilon de Oliveira, as drogas estão por trás da maioria dos delitos. “As drogas hoje constituem um condimento nesse cenário de violência, pois estão por atrás dos delitos, principalmente patrimoniais. A prevenção é a única solução. A verdade é que a prevenção entrou em falência, não há uma prevenção eficiente. Para se estabelecer e executar tem que haver uma política séria de prevenção nesse país, que não há. Tem que haver mobilização da sociedade. O caminho é por meio das instituições mais legitimadas para mobilizar a sociedade. Em primeiro lugar o Estado e o Legislativo que vivem em contato direto com o povo e em segundo lugar os demais poderes”, afirmou.

 

O juiz federal, conhecido mundialmente por combater fortemente crimes relacionados ao tráfico de drogas, destacou que a família tem papel fundamental nesse processo de prevenção. “É preciso haver a priorização da família, se lutar pelo fortalecimento da unidade familiar, se lutar pela implantação de ensino público de qualidade. Se não fizermos isso vamos dar murro em ponta de faca a vida inteira. A família é o principio de tudo, estou aqui para fazer esse apelo. O problema não é só de quem tem um filho drogado, a responsabilidade deve ser partilhada, deve ser do juiz, do vereador e de todos nós, um compartilhamento de todos, porque é um problema de todos nós. Temos que nos sensibilizar e mobilizar a sociedade, pois sem a família não há sociedade, sem a família há apenas um amontoado de pessoas sem identidade coletiva, por isso não devemos cultivar o individualismo”, pregou Odilon.

 

Dados apresentados pelo juiz federal demonstram o impacto do tráfico de drogas na sociedade. “Hoje existem mais de um milhão de usuários de cocaína e mais de um milhão de usuários de crack, fora a maconha e as drogas sintéticas. Isso provoca um desastre na saúde pública e na economia dos Estados e Municípios, que gastam por ano R$ 123 milhões para alimentar os presos por conta da droga. Hoje 40% da população carcerária do Estado está presa por drogas. Estão lá amontoados porque não há prevenção, deixou-se acontecer essa situação. Com esse valor poderia se construir 1.437 residências, cada uma com 100 m², pelo valor de R$ 85.700,00 e suprir um déficit habitacional,  ou poderia escolher escolas ou postos de saúde. Seria possível construir 20 escolas por ano, com 2 mil m² cada uma, pelo valor de R$ 6 milhões”, revelou Odilon.

 

Odilon de Oliveira salientou ainda o perigo do uso de drogas para a saúde humana e suas consequências. “Temos que encarar o problema das drogas examinando esses dados, os aspectos e os efeitos na economia, na política, no relacionamento com outros países, mas principalmente na saúde humana. Pelo uso compartilhado de seringas já perdemos 126 mil almas no país. Isso já trouxe para Mato Grosso do Sul o prejuízo de 114 vidas, pelo uso de drogas injetáveis, pela contaminação de HIV. Temos que nos mobilizar e tentar salvar a sociedade desse desastre. A omissão é pecaminosa, haveremos de chorar não porque perdemos um ente querido para as drogas, mas de remorso, pela omissão de pouco ou nada termos feito para evitar o perdimento de vidas”, argumentou.

 

Por fim, Odilon afirmou que esteve na Câmara Municipal, porque a Casa de leis mostra-se preocupada com este tema. “A Câmara está preocupada com isso e por isso quis vir aqui. Precisamos criar um mecanismo dentro de cada escola, que serviria para chamar a responsabilidade dos pais, que se vêem as voltas com o problema das drogas, chamar o aluno, que é o personagem mais focado pelo traficante. E assim chamar a responsabilidade à família e à escola conjuntamente. Respeito as opiniões contrárias, mas eu vejo que não há nada inconstitucional nisso”, alegou Odilon.

 

Paulline Carrilho
Assessoria de Imprensa da Câmara Municipal