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Vereadores e especialistas discutem políticas de empregabilidade para pessoas com deficiência

29.11.2021 · 12:00 · Audiência Pública

A Comissão Permanente de Acessibilidade da Câmara Municipal reuniu autoridades e especialistas para discutir, em audiência pública nesta segunda-feira (29), políticas de empregabilidade para pessoas com deficiência. O encontro foi realizado no Plenário Oliva Enciso e, segundo o vereador Otávio Trad, que convocou o debate, tem o objetivo de lutar contra todos os tipos de preconceito às pessoas com deficiência.

“Temos focado nosso trabalho em prol da inclusão e da acessibilidade em Campo Grande. Sempre há o que melhorar e, através dessa comissão, temos feito um excelente trabalho. Através desse debate, temos condições de analisar outros temas importantes. Passamos por momentos de incerteza no mundo todo, principalmente por conta da pandemia. E a questão da empregabilidade foi uma consequência disso. Se pessoas sem deficiência já têm dificuldade de conseguir um emprego, a dificuldade também vem às pessoas com deficiência. E nós temos que discutir isso na Câmara”, afirmou.

As pessoas com deficiência foram fortemente atingidas pela pandemia. De janeiro a agosto de 2020, por exemplo, foram fechados 849 mil postos de trabalho formais no Brasil, conforme dados do Caged (Cadastro Geral de Empregos e Desempregados). Deste total, 171 mil, cerca de 20%, eram ocupados por profissionais que possuem algum tipo de deficiência.

“Mesmo com a volta do emprego, o que se tem observado é que a remuneração não voltou. Isso nos preocupa. No que estamos falhando de maneira tão grave? Precisamos discutir com profundidade e sempre manter essa mesa aberta às discussões para que possamos evoluir nesse tema. No século 21, não se admite outro tipo de comportamento”, analisou o vereador Prof. André Luís.

Para a presidente da Comissão dos Direitos dos Idosos e das Pessoas com Deficiência da OAB/MS, Tânia Regina Noronha Cunha, é preciso informação para vencer os obstáculos. “A gente fica grata em saber que a Câmara está aberta aos nossos desafios, principalmente em relação ao emprego. É um problema mundial, mas temos que resolver. Penso que iremos resolver com informação. As empresas privadas e o poder público não conhecem as potencialidades das pessoas com deficiência. Existe aquele velho preconceito que a pessoa com deficiência só serve para, digamos, mendigar. Não adianta dar multa, ter reserva de vagas. Temos que mostrar nossas potencialidades”, apontou.

Já a presidente da Associação de Mulheres com Deficiência de Campo Grande, Mirella Ballatore Tosta, é preciso igualdade de condições para que esses profissionais possam disputar uma vaga no mercado de trabalho. 

“Se a pessoa tem condição, se ela pode estudar com dignidade, fazer uma faculdade, ou um curso técnico, se o meio em que ela está proporciona isso a ela, não pode se conformar em receber apenas um salário mínimo. Essa pessoa também tem responsabilidade na construção da nossa sociedade. Nós, pessoas com deficiência, podemos, sim, fazer parte da sociedade enquanto cidadãos para construirmos uma cidade melhor em todos os aspectos. Não somos isentos de impostos”, disse.

Já a coordenadora de Empreendedorismo da Funsat (Fundação Social do Trabalho), Catyuce Thays Silva, destacou a importância do poder público para garantir o acesso das pessoas com deficiência ao mercado de trabalho.

“Isso garante às pessoas sua cidadania plena. E percebi o quanto é difícil. Ficam muitas incógnitas a respeito de quais são essas dificuldades dentro do mercado, de como podemos prestar apoio e suporte, tanto às empresas, como às pessoas com deficiência. Perto dessas pessoas, podemos compreender suas dificuldades e seu olhar. Esse ano pandêmico foi muito difícil, mas, assim que as coisas retornaram, pudemos perceber mais oportunidades para garantir o acesso a essas pessoas”, garantiu.

Para a presidente da Associação dos Deficientes Visuais de Mato Grosso do Sul, Áurea Sena, o poder público deve oferecer melhores oportunidades e, principalmente, capacitação para garantir o acesso dessas pessoas às vagas ofertadas.

“Há muitos anos a gente escuta dizer, pelo poder público, que as vagas existem, mas não tem pessoas preparadas. Isso é uma realidade. Todo ano escutamos a mesma coisa. As pessoas não estão sendo preparadas adequadamente para o trabalho, e os gestores que identificam essa situação não tomam uma atitude para apresentar um relatório melhorado. Apresentam sempre o mesmo relatório ano após ano. Por isso as pessoas com deficiência se cansam”, apontou.

Jeozadaque Garcia
Assessoria de Imprensa da Câmara Municipal