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Tragédia em Suzano: vereadores discutem medidas para aumentar segurança nas escolas

14.03.2019 · 12:00 · Palavra Livre

O massacre na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano (SP), nesta quarta-feira (13), que resultou na morte de oito pessoas e dos dois atiradores, comoveu o País e motivou debate na sessão ordinária desta quinta-feira (14), na Câmara Municipal, sobre a problemática da violência e necessidade de motivar ações para acolher os jovens e suas famílias. A importância de guardas municipais nas escolas e retomar discussão sobre projeto para instalar detectores de metais na entrada foram algumas das sugestões.   

“Como professor da rede municipal, tenho acompanhado a situação de Suzano. Se tivesse Guarda, como tínhamos em escola, não ia acontecer. O vereador Carlão apresentou um projeto que previa detector de metais nas portarias das escolas, mas foi vetado. Ia evitar entrar canivete, faca. Só não vê quem não quer”, cobrou o vereador Valdir Gomes, que iniciou os debates. 

“A SED (Secretaria de Estado de Educação) está fechando mais escolas. Onde vão dar oportunidade, se não dão emprego e estudo? Temos que pensar. Conversei com a ACP (Sindicato Campo-grandense de Professores) e vamos falar em conjunto com a Comissão Permanente de Educação, e trazer para essa Casa. Colocar em prática. Há necessidade que a Guarda volte para as escolas, cuidando como tinha quando era educador. Vou entrar com projeto ainda para instalar detectores de metais, pois estamos mexendo com vida das crianças e educadores”, concluiu.

Conforme divulgado pela Polícia Civil, Guilherme Taucci Monteiro, de 17 anos, e Luiz Henrique de Castro, de 25, entraram armados na escola e atiraram contra alunos e funcionários. Outras 11 pessoas ficaram feridas, sendo que uma está em estado grave. Os atiradores se mataram após o massacre.

Segundo o vereador Papy, a decisão de fechar escolas em todo o Estado prejudicou a população  de Mato Grosso do Sul.“Vai prejudicar ainda mais. O alerta é importante, e que esta fala chegue a quem comanda a educação no Estado. Porém, enquanto não tiver amor no coração, dará exemplo de perversidade, falta de amor ao próximo e barbaridade, como vimos em Suzano”, alertou.

Para o vereador Pastor Jeremias flores, o acolhimento principal deve vir da família. “Isso se perdeu. Todos nascemos de pai e mãe, e esse berço se perdeu. Esse tamanho de violência tem começado pelas casas. Na minha época, era um horror filho ter agredido pai ou mãe. O principal acolhimento tem que ser dentro do lar”, pregou.

Já o vereador Odilon de Oliveira também reforçou o pedido por detectores de metais na entrada das escolas. “Acho salutar o projeto de lei dos detectores de metais, mas não é só a estrutura, é o coração das pessoas. Determinada figura política falou da arma. Como vai ter arma dentro da escola? Pode atingir alguém, essa não é a solução. É preciso agir com carinho, levar pais para dentro das escolas, criar uma relação família”, defendeu.

O vereador Otávio Trad lembrou das ações da Câmara para o fortalecimento da Guarda Municipal em Campo Grande. “Vemos o fato com tristeza, pois essa Casa vem trabalhando no fortalecimento da Guarda nessa cidade. São inúmeras ações, como videomonitoramento, armamento, mudança da nomenclatura. Agora, temos um motivo maior para fazer coro de que mantenha nome da guarda como Polícia Municipal, que valoriza o trabalho ainda mais”, disse.

Para o vereador Delegado Wellington, o planejamento familiar é primordial para evitar que tragédias como a de Suzano aconteçam. “O problema começa quando a pessoa não está preparada para ter filho. Custa, precisa cuidar, não adianta colocar para o mundo. É um problema da sociedade, escola, família, ninguém assume e fica aquele jogo de empurra. Acaba sobrando essa violência sistemática. Detector de metais é um elemento importante, mas se não tiver amor no coração, não vai andar”, analisou.

Policial federal, o vereador André Salineiro afirmou que o massacre não ocorreu por falhas nas políticas de segurança, que, segundo ele, são complexas. “Não podemos colocar a culpa nas políticas de segurança, ela é complexa, mas não foi o que desencadeou. Esses casos acontecem em outros países. Quando o atirador vai na escola, já tem a intenção de morrer. Em 2011, na Noruega, país de menor reincidência criminal do mundo, um homem matou 77 jovens por motivos políticos. Como fazer nas escolas? Trabalhar com prevenção, cursos. Da Guarda, defendo que é a única forma de segurança pública da cidade, fazendo trabalho preventivo nas ruas. A segurança dos prédios públicos pode ser substituído por segurança particular”, sugeriu.

O vereador Carlão também defendeu maior atuação da Guarda nas escolas. “Qual a diferença entre morrer dentro do avião ou dentro da escola? Encheram de segurança nos aeroportos. Escola não tem recurso, nem segurança. Sou a favor da Guarda nas ruas, multando e fiscalizando. Para mim, tem que estar cuidando Ceinf com crianças. Minha briga é essa: tem que cuidar o povo, as escolas”, finalizou.

Milena Crestani e Jeozadaque Garcia
Assessoria de Imprensa da Câmara Municipal