Planurb e empreiteiras evidenciam falhas da Homex durante depoimento à CPI

Os vereadores Alceu Bueno, Carlão, Otávio Trad e Engenheiro Edson, que compõem a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Homex ouviram na tarde desta quinta-feira (30) o depoimento do diretor do Planurb (Instituto Municipal de Planejamento Urbano) e de dois proprietários de empreiteiras que prestaram serviços na obra da empresa mexicana em Campo Grande.

 

Prestaram depoimento à CPI o presidente do Planurb, Valter Cortez, o presidente da VBC Engenharia, Orestes Jorge Corrêa, que foi contratada pela Homex para concluir a obra que estava paralisada e o proprietário da empresa WRB Engenharia, Valfrido Ribeiro Borges, que prestou serviços à Homex desde o início do empreendimento e está falida porque não recebeu o valor contratado.

 

A oitiva mais esperada do dia era do presidente da Homex no Brasil, Rosimário Cavalcante Pimentel, que foi devidamente convocado pela CPI no dia 22 de janeiro, com oito dias de antecedência, mas enviou um ofício por meio de sua advogada Raquel Adriana Malheiros, alegando compromissos previamente agendados e inadiáveis, que impossibilitaram sua presença em Campo Grande.

 

Após deliberação entre os membros da CPI, ficou decidido que uma nova convocação será feita para o próximo dia 6 de fevereiro (quinta-feira), na qual serão chamados para prestar esclarecimentos o presidente da Homex, Rosimário Cavalcante, a advogada Raquel Malheiros e também o engenheiro responsável pela obra em Campo Grande. “Vamos dar mais uma chance, porque é de suma importância ouvir a Homex, que é a responsável maior pelos problemas ocorridos nos empreendimentos”, disseram os parlamentares. O superintendente da Caixa Econômica Federal, Paulo Antunes, também foi convocado para a oitiva do dia 6 de fevereiro.

 

VBC Engenharia

 

O presidente da VBC Engenharia, Orestes Jorge Corrêa foi o primeiro a prestar esclarecimentos aos membros da CPI. A empresa é a atual responsável pela conclusão das obras iniciadas pela Homex em Campo Grande.

 

“Estamos fazendo a conclusão dos empreendimentos ‘Bem-te-vi’, que já está praticamente pronto, ‘Cuiabá’, que é o que está mais concluído, ‘Amoreiras’ e ‘Das Águas’, que é o mais atrasado. Fomos subcontratados pela Homex, com interveniência da Caixa. Quem vai fiscalizar e pagar vai ser diretamente a Caixa. O contrato totaliza aproximadamente R$ 3,8 milhões. Ao todo são 272 apartamentos. Não temos responsabilidade sobre a questão da drenagem e rede de esgoto, porque não consta no nosso contrato. A drenagem interna entre os blocos já está concluída. A questão das goteiras e infiltrações é um problema de calha mal feita e estreita. As calhas foram subdimensionadas e mal colocadas, o que gerou o problema”, afirmou Orestes.

 

O presidente da VBC disse ainda que o grande problema do empreendimento foi a maneira errônea de lidar com os blocos de concreto. “A técnica é muito boa, mas foi feita de maneira errada. A obra toda foi tocada de maneira adversa, funcionando 24 horas, com 3 turnos e muita gente. Os blocos deveriam ser desenformadas com 12 horas e eram tiradas com 4 horas. Chegaram a usar calor para apressar a cura do concreto, o que fez com que rachasse. Todo material se não for aplicado com as especificações técnicas não dará um resultado bom”, afirmou.

 

Planurb

 

O diretor presidente do Planurb, Valter Cortez afirmou que o Instituto Municipal de Planejamento Urbano é responsável pela emissão das GDU (Guias de Diretrizes Urbanísticas), que impõem uma série de exigências a serem cumpridas pela empreendimento. “Somente com o cumprimento dessas exigências é que a Semadur pode emitir o Habite-se. Não sai o Habite-se sem que as exigências da GDU sejam atendidas”, destacou.

 

Cortez disse ainda aos parlamentares que a Homex se responsabilizou a cumprir uma série de contrapartidas para a realização do empreendimento, como pavimentação de ruas, colocação de postes com nomes de ruas, construção de rede de drenagem. “A Escola e a UBSF (Unidade Básica de Saúde da Família) eram uma contrapartida. Eles iriam depositar o dinheiro numa conta específica para que as obras fossem realizadas pela Prefeitura. Mas somente parte desse dinheiro foi depositada, por isso a obra da escola estava parada. Hoje a construção da escola já foi retomada, esperamos que no decorrer desse ano ela já seja terminada. A UBSF está em andamento. A Prefeitura vai assumir essas obras e acionar na justiça quem é de direito. A pavimentação de algumas ruas já foi feita, ainda faltam outras para fazer. Nosso objetivo não é atrapalhar o empreendimento, mas também não podemos prejudicar a sociedade e os mutuários. Já estamos fazendo ajustes no transporte coletivo para atender essa região. Temos que zelar pelo interesse coletivo. A Prefeitura está lutando para que o ônus não caia nas costas do cidadão, que não pode ser prejudicado de forma alguma”, disse o diretor do Planurb.

 

WRB Engenharia

 

O proprietário da empresa WRB Engenharia, Valfrido Ribeiro Borges, que prestou serviços de subempreitada para a Homex no início das obras e já soma um prejuízo que chega a mais de R$ 1 milhão, emocionou a todos no Plenário ao dizer à CPI que a Homex lhe roubou tudo, até a família. “A Homex oferecia um contrato bom, não sabia que era uma mentira. Já gerei mais de 500 empregos em Campo Grande. Assinei o primeiro contrato para montagem do radier no valor de R$ 900 mil e fui pegando outras etapas. No dia que a Homex faliu eu tinha 185 homens trabalhando no local. Eles conseguiram acabar com minha empresa, não tenho mais empregados. A Homex tirou tudo de mim, até minha família. Meus funcionários que ficaram sem receber foram até a sede da minha empresa e quebraram tudo, minha mulher ficou com medo e foi embora, levando minha filha de 10 anos. Nem família eu tenho mais. Sou um trabalhador honesto, tenho apenas um CNPJ. A Homex tem 36 CNPJ’s. A Homex veio de Brasília já com problema. Aquele negócio foi feito para não dar certo, quem tinha que ganhar dinheiro já ganhou. Quem tinha que quebrar, já quebrou", disse Valfrido.