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“Fraternidade e superação da violência” vira tema de segunda audiência em Anhanduí

04.05.2018 · 12:00 · Audiência Pública

A Câmara Municipal, em parceira com a Arquidiocese de Campo Grande, realizou na noite desta quinta-feira (3), a segunda audiência pública para discutir sobre “Fraternidade e Superação da Violência”, tema abordado na Campanha da Fraternidade de 2018. Desta vez a solenidade aconteceu no Salão Paroquial da Igreja Santa Catarina de Alexandrina, no distrito de Anhanduí.  O evento foi presidido pelo vereador André Salineiro acompanhado dos vereadores Ademir Santana, Ayrton Araújo do PT e Dr. Wilson Sami. Na mesa também estavam presentes o Arcebispo de Campo Grande, Dom Dimas Lara Barbosa, o Comandante  da Polícia Militar, Adilson Paiva Valente, o subprefeito do distrito de Anhanduí, Ernesto Santos, o juiz federal Odilon de Oliveira e a presidente da Associação de Segurança Pública da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil MS), Cláudia Paniago, além do pároco local, padre Francisco Eduardo Galvão.

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Para Salineiro, é fundamental o tratamento da segurança pública. “É uma necessidade biológica como respirar e se alimentar. A maioria das pessoas só se atenta a ela na hora da dor. Quando é assaltada, quando tem alguém próximo com a vida ceifada. O intuito desta audiência é prevenir. O Brasil é o número 1 em número de homicídios com cerca de 60 mil por ano”, pontuou.  De acordo com o vereador, temos políticas públicas ineficazes que acabam quando os governantes saem do poder. “Há hoje uma cultura criminal que se tornou muito comum.  É banal. Hoje a impunidade gera violência. A partir do momento que não punimos as pessoas alimentamos esta violência”, analisou.

Já o arcebispo Dom Dimas afirmou que a Campanha da Fraternidade só existe no Brasil e que todos nós somos vítimas de alguma forma da violência. O religioso enumerou alguns tipos de violência que a igreja católica está abordando para encontrar soluções. “Em Campo Grande criamos 11 grupos de trabalho, cada um tentando abordar um tipo de violência para tentar ajudar. São eles contra a criança e adolescente; contra mulher; contra a pessoa idosa; no trânsito, drogas e crime organizado, nas escolas, suicídio, violência no campo, violência racial, contra os povos indígenas”.

Representando a Assembleia Legislativa de Campo Grande, o deputado estadual Pedro Kemp, defendeu que a Segurança Pública não é só equipar a polícia e comprar viatura. “A violência ceifa vidas de jovens, principalmente de negros. A parte do Estado não é só equipar, mas discutir políticas públicas em diferentes áreas. Se resolvesse armas e polícia, o Rio de Janeiro seria o mais pacifico da nação. O combate às drogas se mostrou falido. Então, o Estado precisa estar presente com políticas públicas eficientes e que nós possamos ampliar as discussões”, garantiu. Para superação da violência, Kemp disse ser importante refletir se não somos reprodutores de ideologias violentas e preconceitos.  “Devemos desarmar os espíritos e partir para a cultura da paz que começa com comportamento de tolerância e respeito as diferenças, e promoção dos direitos humanos, ninguém se considerando superior, ninguém considerando os outros inferiores”, finalizou.

A presidente da Associação de Segurança Pública da OAB, Cláudia Paniago, resumiu destacando que nós temos as soluções e só precisamos que ela saia do papel. “Precisamos de resultados concretos. É importante debater, estudar, oferecer sugestões como uma lei estadual de segurança pública que trate especificamente sobre o assunto. Para facilitar sabermos o que fazer. Precisamos criar o Conselho Estadual de Segurança Pública. É preciso gestão e recursos financeiros.  Queremos resultados”, avaliou.

Seriedade na gestão de segurança pública é o que falta, conforme o vereador Ayrton Araújo do PT. “Gestão Pública não adianta nada se não tiver direcionamento sério. Temos que resgatar a família, temos que cuidar das nossas crias, tem que ter um caminho porque Campo Grande é uma das cidades com maior índice de violência. Está faltando amor e compreensão. Tem que ter respeito, tem que investir para podermos ir ao ponto de ônibus, os bandidos estão tendo mais vez que nós e nós viramos reféns deles”, argumentou.

A assistente social do Conselho Tutelar Sul, Janaína Ferreira de Oliveira, falou sobre o ciclo da violência. “A criança e o adolescente que são punidos, corrigidos de formas agressivas vão crescer naquele ciclo de violência, quando adultos já vai ter a mentalidade violenta.  É dever de todo cidadão denunciar, principalmente esta cultura do estupro”, disse.

De acordo com o juiz Odilon de Oliveira, o mundo está cerceado pela violência e hoje ele só vê uma solução. “Você tem que resolver as coisas de maneira fraterna, com carinho. Aquilo que se resolve com um abraço ao invés de violência. Implica a superação de nós mesmos, o domínio de nós mesmos. Temos que tirar do nosso coração aquela cinza violenta, aquela mágoa. Transformar o próximo, mas só depois de transformar a nós mesmos. Depois deste tempo todo lidando diretamente com a violência, tenho certeza que a violência cresceu de forma assustadora, que todos os bandidos que coloquei na cadeia estão soltos e que eu, juiz, que tanto lutei, fiquei preso. É só pela prevenção e ela só se faz através do fortalecimento da família e da espiritualidade”, analisou.

Direcionando a fala para os jovens estudantes presentes, o vereador Dr. Wilson Sami afirmou: “sonhem alto jovens, em ser pessoas sérias, correta, honestas, resgate a sua família. Nós podemos ser aquela peça importante. Se existe corruptos é por que nós não estamos fazendo nada. Se alguém está fazendo coisa errada é problema dele. Não se deixe corromper. Seja líder”, aconselhou.

O comandante Paiva, falou sobre uma variedade de fatores que é responsável pela violência. “A religião tem muito poder de transformar. É muito importante o tema este que busque a melhoria. O senso comum é dizer que a polícia é responsável. Ela trabalha nos efeitos e não nas causas. A família é o cerne e muitos destes aspectos seriam eliminados se os pais trabalhassem melhor seus filhos. Precisa honrar pai e mãe. São os princípios que começam dentro da família. É mais fácil culpar os policiais pelo aumento da violência. Isso é mais ou menos como culpar os médicos pelo aumento da dengue”, disse.

Já o sargento Duquini, fez um apelo. “Jovens tem aparelho celular e exige conectar as redes sociais. Só façam uso em necessidade. Pais fiscalizem seus filhos, orientem, conversem, descubram com quem seus filhos vão, com quem conversam. Os jovens aqui são pessoas do bem, mas as más companhias podem desviá-los. Participem da vida dos seus filhos. Jovens estudantes sigam as palavras de todos aqui. Procurem diminuir através do seu comportamento a violência. Evite contato com aquela pessoa que só vai trazer prejuízo. Ela precisa de ajuda não que voce se afunde com ela. Prevenir é melhor que remediar. Um comportamento mais responsável não dói, trará orgulho aos pais de vocês”

Antes de encerrarem as atividades, os vereadores anunciaram que as solicitações para que a Escola local se transforme em Escola Agrícola já esta sendo estudada para a viabilização de recursos. Outra solicitação que será atendida é a instalação de uma academia ao ar livre dentro do posto de saúde. “Já, já terá a reforma no posto e a academia”, afirmou o vereador Ademir Santana.

Assessoria de Imprensa da Câmara Municipal de Campo Grande