ícone whatsapp

Famílias temem despejo de área e pedem auxílio de vereadores

26.02.2019 · 12:00 · Palavra Livre

Moradores da ocupação do antigo Clube Samambaia, na região do Los Angeles, em Campo Grande, estiveram na Câmara Municipal, na sessão ordinária desta terça-feira (26), para pedir apoio dos vereadores, pois as 470 famílias terão de desocupar a área. Trata-se de terreno particular e decisão judicial concedeu reintegração de posse. Na Tribuna, Edna Maria Cândido falou representando os moradores, a convite da vereadora Enfermeira Cida Amaral.

Edna Maria demonstrou sua indignação, além do temor de várias mulheres e crianças que podem ficar sem moradia nos próximos dias. “Temos necessidade urgente. Não temos uma ou duas semanas. Precisamos sair daqui com respostas. Se máquinas chegarem vamos estar firmes, resistir até ultimo tijolo”, disse Edna. 

A Câmara já promoveu Audiência Pública para debater o assunto e vereadores também participaram de reuniões para buscar soluções. O vereador Ayrton Araujo do PT foi um dos que acompanhou a audiência com o prefeito Marquinhos Trad, com os proprietários da área e representantes do Ministério Público. No entanto, a proposta para compra do terreno não foi aceita. Além disso, o MPE pediu para que a prefeitura seguisse a lista de inscritos na Empresa Municipal de Habitação (Emha) para definir quem irá receber casas de conjuntos habitacionais.   

“O interesse nosso em ajudar é grande, mas vocês precisam conversar no MPE também. Temos 13 pontos ocupados na Capital e MPE quer que obedeça a lista para não incentivar mais ocupações”, esclareceu o vereador Ayrton Araujo.

Os vereadores também lembraram que as soluções não são simples, considerando que existe uma determinação judicial. Mesmo assim, comprometeram-se a buscar providências. O vereador Eduardo Romero explicou que existem competências e atribuições definidas. “Não temos resposta prontas e imediatas, não tem como estalar os dedos e resolver. Vamos junto com vocês buscar alternativas. Contem com os vereadores, estamos de portas abertas. O diálogo é o caminho mais curto para buscar as alternativas”, afirmou.    

O vereador Chiquinho Telles lembrou que 3 mil apartamentos serão entregues neste ano pela prefeitura em parceria firmada com o  Governo do Estado, mas ponderou que existem 40 mil inscritos a espera de casa popular. “O prefeito pode até desapropriar, mas isso não dá garantia de quem está lá permanecer, pois tem que obedecer a fila. Isso quem está dizendo é MPE. Tem que dizer a verdade para as pessoas. Não podemos vender facilidades”, disse. 

O vereador Ademir Santana, que presidiu a audiência que debateu o tema na Câmara, lembrou que os vereadores estão cumprindo seu papel, mas existe o trâmite do processo e a proposta de compra da área não foi aceita. “O prefeito ia responder por improbidade administrativa se não seguisse a lista da Emha”. 

Nesta mesma linha, o vereador Dr. Livio lembrou do MPE que busca mais clareza para definir a destinação de casas. “Sabemos que tem a maioria bem intencionada, mas há a uma máfia da ocupação de terra. Infelizmente isso existe e precisa ser combatido”, disse. Ele lembrou ainda da liberação de R$ 1 milhão para regularização fundiária para a Capital, o que pode auxiliar a viabilizar aquisição de áreas para moradias.

Já o vereador Pastor Jeremias Flores  lembrou que a Câmara é o ponto de equilíbrio da democracia e comprometeu-se em manter apoio aos moradores. “Me comove ver mulher com quatro crianças agredida socialmente. Elaboramos projetos para o povo e não vamos abandonar vocês”, garantiu. 

A vereadora Enfermeira Cida parabenizou Edna pela coragem. “Nós do Legislativo vamos lutar no que nos compete e o que depender de nós, vamos juntar forças”, afirmou.  

Mais reivindicações 

Outra queixa foi em relação à Energisa, pois os moradores receberam recentemente os relógios, mas agora estão recebendo cobranças consideradas abusivas. Algumas contas, segundo Edna, chegaram a R$ 1 mil, incoerente com os gastos dos moradores. Ainda, eles são cobrados pela Cosip, contribuição de iluminação pública, mas o benefício não existe no local. “Não temos iluminação pública. na conta de luz estão cobrando R$ 40 de algo que não temos. Precisamos de respostas”, afirmou. 

A Câmara já promoveu reuniões e audiência pública para debater as contas altas cobradas pela Energisa a moradores de todo Estado. A vereadora Dharleng Campos  relembrou essa luta e destacou o discurso de Edna. “Fico feliz em ver uma mulher abraçando essa causa, com coragem. A Câmara está unida pela população e travando uma guerra contra a Energisa, que está mandando contas altíssimas para várias pessoas”, afirmou. 

“Sabemos que há cobranças abusivas, precisamos que Energisa dê devidas respostas. Conte com nosso apoio”, reforçou o vereador Betinho. 

Já o vereador Valdir Gomes considera que não tem como tirar as famílias do local. “O erro foi de deixar construir, agora tem que deixar ficar. Não pode derrubar depois que a casa está pronta”, disse. Sobre a Energisa, ele alertou que “a sua indignação é a nossa”, afirmou.   

O vereador Carlão,  primeiro-secretário da Câmara, garantiu que a Câmara fará o possível para atender às reivindicações, “cobrando a Energisa e o Executivo e fiscalizando as injustiças”.  

Edna lembrou que continuará na luta por seus direitos, reforçando informações sobre o projeto para criação do Campo Nobre 2, para abrigar os moradores do Samambaia, bem como a proposta de permuta de área. 

 

Milena Crestani 

Assessoria de Imprensa da Câmara Municipal