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Em Audiência Pública, atendimento multidisciplinar é defendido para a melhoria do sistema de saúde pública

19.06.2018 · 12:00 · Audiência Pública

Os vereadores da Câmara Municipal de Campo Grande realizaram nesta terça-feira (19), Audiência Pública para debater o tema “Atendimento Multidisciplinar no SUS – Consulta Multiprofissional: Utopia ou Necessidade na Saúde Pública?”.

Na ocasião, o Psicólogo Gilberto Verardo explicou os sistemas de atendimento existentes na saúde. “Temos atualmente dois modelos vigentes, o modelo biomédico assentado no conhecimento especializado e no diagnóstico focado no sintoma e o modelo sistêmico assentado no conhecimento multidisciplinar na busca das causas, um é curativo, outro preventivo. Nossa proposta é resgatar ou aplicar o conceito da Organização Mundial da Saúde, que tira o atendimento apenas do modelo biológico e amplia a saúde para a questão psicológica e do meio ambiente”, esclareceu.

“Importante ter profissionais como o psicólogo, terapeuta ocupacional, nutricionista, educador físico, entre outros, no atendimento do SUS. Podemos fazer diversas reuniões técnicas, tenho essa ideia, ela não é perfeita, mas acho importante a presença destes profissionais, ter a presença do fundamento educativo, informar o paciente sobre o aspecto da saúde dela, sair da informação apenas do aspecto biológico. Dividindo os trabalhos, além de melhorar a importância da figura do médico, vai viabilizar parceiros, não é uma proposta cara, nem difícil de ser implantada, acreditamos que os efeitos são benéficos. Temos deficiência no programa da saúde da família que é legalmente amparado na ótica multiprofissional, há anos que está implantado, mas ele não avança, por uma cultura do próprio paciente do SUS, que se agarra ao modelo biomédico, essa é uma ideia que podemos discutir para melhorar o desempenho dessa proposta”, complementou.

Segundo deputado estadual, Paulo Siufi o atendimento multidisciplinar proporciona qualidade para saúde do paciente. “O atendimento de qualidade, não é só responsabilidade do médico. Antigamente, os médicos achavam que eram deuses, hoje nós somos defensores de uma saúde multidisciplinar e de qualidade, por isso, todos os conselhos estão juntos para não termos mais os cursos EAD, ensino a distância na área da saúde, porque essas pessoas não terão o contato do dia a dia, o olho no olho do paciente. Com a equipe multidisciplinar o médico dá o diagnóstico, o farmacêutico dispensa o medicamento, a enfermagem vai dar o acolhimento, o psicólogo vai tratar da parte mental, o nutricionista vai mexer com a dieta, o terapeuta ocupacional vai ver se ele tem capacidade de voltar as suas atividades, assim por diante, não é utópico, se quer fazer economia na saúde coloca equipe multifuncional trabalhando em toda rede”, defendeu.

A vereadora Enfermeira Cida, membro da Comissão permanente de Saúde da Casa de Leis afirmou que a equipe multiprofissional trabalha com a prevenção. “Nada mais é que a prevenção, infelizmente, estamos com uma saúde doente, o País não está valorizando a saúde, porque se tivéssemos um atendimento multidisciplinar não teríamos tantas crianças obesas, pessoas com diabete, se tivéssemos atenção básica funcionando não teríamos tantos gastos na saúde pública. Acredito que unindo forças podemos mudar este cenário. Como enfermeira, sei o que é realmente trabalhar com uma equipe multifuncional, estou no legislativo para fazer isso acontecer para que juntos possamos fazer o melhor para a saúde de Campo Grande”, disse.

De acordo com Nelza Socorro da Silva, representando o Conselho Municipal de Saúde, a saúde tem que estar em primeiro lugar. “Nós temos direito à saúde, mas quando estamos nos postos de saúde procurando atendimento não recebemos na entrada o acolhimento, a pessoa fica horas para ser atendido”, lamentou.

Para Vagner Dolce, Coordenador do Conselho Local do Posto de Saúde do Bairro Jardim Seminário II, “os problemas da saúde seriam sanados se o gestor olhasse um pouco melhor, o Poder Público precisa participar um pouco mais do dia a dia das pessoas”, avaliou.

Já a profissional de optometria, Rosangela Padilha explicou que o profissional da optometria pode ser parceiro de equipes multidisciplinares no SUS. “Temos cadastro nacional de ocupação, somos profissionais que fazemos avaliação primária, gostaríamos de ser incluídos para atendimento pelo SUS, até porque auxiliaria muito com os oftalmologistas, temos habilidade para isso, temos um limite de atuação que tem que ser respeitado, não fazemos nada invasivo, ainda que possamos identificar as doenças, para que pudéssemos minimizar a grande demanda, podemos trabalhar com equipe multidisciplinar, vocês estão procurando equipe multidisciplinares, estamos preparados e habilitados e queremos ajudar”, alegou.

O vereador Enfermeiro Fritz, também membro da comissão Permanente de Saúde da Casa de Leis afirmou que há uma dificuldade cultural para aceitar o modelo de atendimento multidisciplinar. “Temos uma dificuldade cultural, hoje, o paciente que chega para atendimento ele quer o médico, porque é uma cultura que nós temos, precisamos trabalhar essa questão cultural. A saúde de Campo Grande está em uma situação de calamidade pública. Vamos discutir a multidisciplinariedade na saúde, vamos coletar dados no sistema público de saúde para verificarmos como podemos implantar de fato o atendimento multidisciplinar no SUS”, garantiu.

Por fim, o vereador Dr. Wilson Sami, membro da Comissão Permanente de Cidadania, Direitos Humanos e de Proteção à Mulher defendeu o atendimento multidisciplinar. “Como médico da unidade básica eu preciso de um profissional capacitado para fazer uma terapia, tantas pacientes que usam antidepressivo como muleta, tantas pessoas vem com dor e nada resolve, não tenho dúvida que essa dor é de origem emocional, são situações que não conseguimos resolver. Eu tenho gestantes de 12 anos desamparadas que precisam de um acompanhamento de um psicólogo. Podemos prevenir a pré-eclâmpsia com um atendimento de nutricionista para orientação de uma alimentação balanceada. Essa é a nossa ideia, implantar a equipe multidisciplinar em algumas unidades básicas. Temos que brigar por uma saúde de qualidade que venha beneficiar a população. Se nós fizermos uma medicina preventiva não precisamos aumentar leitos hospitalares, por isso, a importância de ter uma equipe para justamente trazer qualidade a nossa saúde de Campo Grande. Vamos apresentar para o gestor a proposta e vamos mostrar os dados que vamos coletar e fazer valer essa iniciativa”, finalizou.

O debate foi convocado pela Comissão Permanente de Cidadania, Direitos Humanos e de Proteção à Mulher da Casa de Leis, composta pelos vereadores Ademir Santana (presidente), Pastor Jeremias Flores (vice), Gilmar da Cruz, Papy e Dr. Wilson Sami.

Dayane Parron
Assessoria de Imprensa da Câmara Municipal