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CPI: Adalberto Siufi nega irregularidades e fala em ‘linchamento moral’

17.07.2013 · 12:00 · CPI

Ouvido pela CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) instaurada na Câmara Municipal para apurar a eventual privatização do tratamento oncológico em Campo Grande, na tarde desta quarta-feira (17), o ex-diretor do Hospital do Câncer, Adalberto Siufi, negou todas as acusações que vem sofrendo e falou em “linchamento moral”. Acompanhado do advogado Renê Siufi, o médico falou em público pela primeira vez após a Polícia Federal deflagrar a Operação Sangue Frio, que desmantelou, no mês de marco, um suposto esquema de desmonte da rede pública e direcionamento de pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde) para a NeoRad, de propriedade do próprio oncologista.
 
“(Estou sofrendo) um linchamento moral. Espero que isso termine, pois é um transtorno para a família, para todo mundo. A vida inteira me dediquei a medicina e, se Campo Grande tem uma oncologia padrão, muito se deve ao que eu fiz. Estou aí num tiroteio de cinco meses para cá. Eu já fui julgado, fui massacrado. Até agora não pude me defender de nada, apenas levei ‘bordoada’. Tudo que fiz, faço e vou continuar fazendo é pautado sempre pela ética. Espero que acabe isso hoje e amanhã eu possa ter uma vida normal. Ainda preciso curar muita gente, como tenho feito”, afirmou o médico, ouvido por mais de três horas pelos vereadores Flávio César, Carla Stephanini, Coringa, Alex do PT e Cazuza, que compõem a CPI.
 
Adalberto Siufi explicou aos parlamentares como a NeoRad foi criada, em 2007. Segundo ele, a clínica começou a funcionar atendendo convênios e particulares. No entanto, em 2010, passou a atender também pacientes com câncer encaminhados pela Secretaria Municipal de Saúde, através da Santa Casa. Á época, garante, a fila passava de 200 pacientes. “O Ministério da Saúde credenciou a Santa Casa para ter radioterapia conveniada com a NeoRad. Acabamos com a fila da radioterapia. Radioterapia NeoRad é Santa Casa. A Secretaria de Saúde que manda. Nenhum paciente do SUS chega na clínica se não for encaminhado pela Secretaria de Saúde. Não há superfaturamento, não há desvio de nada”, afirmou.
 
Em seu depoimento, o médico também negou interferência na escolha do Conselho Curador do hospital, órgão responsável pela fiscalização. Segundo ele, a participação da diretoria executiva limita-se a elaboração uma lista com três nomes, que é enviada ao Conselho. Depois, o próprio Conselho elege seu novo membro. “Não sou eu quem dá o nome (do novo membro)”, afirmou, negando ainda que o órgão tenha mandado cancelar um contrato do Hospital do Câncer com a NeoRad. “Não tenho conhecimento disso”, limitou-se em dizer.
 
Questionado sobre a proibição de o HC firmar contratos com empresas pertencentes a membros da diretoria, Siufi esquivou-se. “Não tinha esse conhecimento”, resumiu. Em seguida, também afirmou não saber sobre uma recomendação do MPE (Ministério Público Estadual) para que o contrato do hospital com a NeoRad fosse desfeito. “Não tenho ciência disso. Não tenho conhecimento dessa informação”, disse. Segundo o vereador Flávio César, que preside a Comissão, já havia uma solicitação do Conselho Curador para que fosse cancelado o contrato com a NeoRad, o que só foi feito após o afastamento de Siufi da direção do HC.
 
O ex-diretor do Hospital do Câncer ainda negou que a unidade tenha recebido do SUS pelo tratamento de pacientes que já haviam falecido. “Quando o paciente chega, faz planejamento terapêutico. O SUS autoriza três meses de tratamento. Se nesse mês ele compareceu, e no mês que vem ele não veio e foi cobrado, no mês seguinte é devolvido esse valor. É cobrado, mas ressarcido imediatamente. Quem cobra é o sistema”, sustentou. “Quando o hospital é informado que o paciente morreu, imediatamente suspende o tratamento. Quem devolve (a verba do SUS) é o sistema. Se cobrar, devolve no mês seguinte”, insistiu. 
 
Por fim, Adalberto Siufi disse desconhecer o motivo de seu afastamento do corpo clínico do Hospital do Câncer e garantiu: muitos pedem a sua volta. “Isso é o que eu queria saber (o motivo de seu afastamento). Estou atrás dessa resposta. Falaram que os pacientes poderiam me agredir. Eu tenho recebido tantos pedidos para voltar. A maior clientela sempre foi a minha. Estou atrás dessa resposta”, finalizou.
 
Jeozadaque Garcia
Assessoria de Imprensa da Câmara Municipal