Pegada Ecológica é debatida em Audiência Pública na Câmara
26.09.2013 · 12:00 · Audiência Pública
O tema “Pegada Ecológica”, que calcula os rastros que os seres humanos deixam no planeta em razão dos hábitos de vida e consumo, foi alvo de debates na tarde desta quinta-feira (26) durante Audiência Pública realizada pela Comissão Permanente de Meio Ambiente da Câmara Municipal de Campo Grande, composta pelos vereadores Eduardo Romero (presidente), Engenheiro Edson (vice), Flávio César, Chiquinho Telles e Airton Saraiva.
De acordo com Terezinha Martins, analista de conservação da Ong WWF Brasil, Campo Grande foi a primeira cidade brasileira a desenvolver a metodologia de cálculo da pegada ecológica e o resultado não foi animador: a Capital tem pegada ecológica maior que a global. O estudo foi feito em 2009 em parceria com a prefeitura da Capital. “Esse índice elevado é resultado de diversos fatores, como o uso contínuo de ar condicionado, de veículos, que são poluentes, entre outros. Temos aqui prédios pouco arejados, com poucas janelas, o que obriga o uso de ar condicionado para fugir do calor. Além disso, Campo Grande tem muito carro por habitante, não é como em São Paulo, claro, mas temos que tomar cuidado nessa questão de mobilidade urbana. A cada ano que passa estamos gastando mais recursos do que temos para gastar”.
Segundo Sheila Sampaio de Giacomette, secretária adjunta da Comissão de Meio Ambiente da OAB/MS, “poluição não é só jogar lixo no chão, temos a poluição das indústrias. Peço aos jovens aqui presentes: sejam ativos, colaborem com o meio ambiente, repassarem as informações que aprendem na escola para os pais, o que é certo, o que não é, se ver alguém prejudicando o meio ambiente, denuncie, pelo 190, assim estarão exercendo a cidadania, que nada mais é que lutar por seus direitos. Começa por vocês o nosso futuro”, afirmou.
Para o vereador Eduardo Romero, “o estudo é uma importante ferramenta de gestão para ajudar o poder público municipal a planejar sua gestão e promover, por exemplo, ações de conscientização da população sobre seus hábitos de consumo e também alertar o setor empresarial/industrial sobre suas cadeias produtivas”, afirmou.
A reunião contou com a presença de Raimundo Moreira, representante do secretário Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano, Odemar Marcon; Neila Janes Viana Vieira, diretora de planejamento físico territorial da Planurb; Sheila Sampaio de Giacomette, secretária adjunta da Comissão de Meio Ambiente da OAB/MS; Adriana Galbiati, presidente do Instituto de Permacultura Cerrado-Pantanal e Julio César Ayala dos Santos, conselheiro do Grupo Gestor da Pegada Ecológica de Campo Grande.
O estudo
Os estudos realizados pela Global Footprint Network (GFN), rede mundial responsável pelos cálculos da pegada ecológica, mostram que a humanidade já excedeu bastante essa capacidade. Hoje a pegada ecológica média mundial é 2,7 hectares globais por pessoa, enquanto a biocapacidade disponível para cada ser humano é de apenas 1,8 hectares globais. Isso coloca a humanidade em um grave déficit ecológico de 0,9 hectares globais per capita.
No caso de Campo Grande, os 3,14 hectares podem ser traduzidos em 1,7 planetas. Isso significa que se todas as pessoas do mundo tivessem o mesmo consumo do morador de Campo Grande, seriam necessários quase dois planetas para sustentar esse estilo de vida.
Se comparada à média brasileira, Campo Grande tem uma pegada 8% maior que a média nacional, que é de 2,9 hectares globais por pessoa. Ela também é 10% maior que a do Mato Grosso do Sul e 14% maior que a Pegada média mundial, que é de 2,7 hectares globais por pessoa. O Mato Grosso do Sul, por sua vez, tem uma Pegada Ecológica 3% menor que a média brasileira.
Pastagens, agricultura e florestas somam 75% da Pegada Ecológica de Campo. Em classes de consumo, o maior impacto foi na alimentação, com 45%, com destaque para o consumo de carne. O estudo apontou que o consumo de carne de campo grande é 13% maior que a média nacional.
Sobre a Pegada Ecológica
A Pegada Ecológica é uma metodologia de contabilidade ambiental que avalia a pressão do consumo das populações humanas sobre os recursos naturais. Expressada em hectares globais (gha), permite comparar diferentes padrões de consumo e verificar se estão dentro da capacidade ecológica do planeta.
Um hectare global significa um hectare de produtividade média mundial para terras e águas produtivas em um ano. Já a biocapacidade, representa a capacidade dos ecossistemas em produzir recursos úteis e absorver os resíduos gerados pelo ser humano.
Sendo assim, a Pegada Ecológica contabiliza os recursos naturais biológicos renováveis (grãos e vegetais, carne, peixes, madeira e fibras, energia renovável etc.), segmentados em agricultura, pastagens, florestas, pesca, área construída e energia e absorção de dióxido de carbono (CO2).
Assessoria de Imprensa da Câmara Municipal