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Falhas no Programa “Mais Médicos” são pontuadas em Audiência Pública na Câmara

15.07.2013 · 12:00 · Audiência Pública

O Programa “Mais Médicos”, instituído por meio da Medida Provisória 261, assinada pela presidente Dilma Rousseff e regulamentada por portaria conjunta dos Ministérios da Saúde e da Educação, que prevê a contratação de médicos para atuar na saúde básica em municípios do interior e na periferia das grandes cidades foi tema de Audiência Pública realizada na manhã desta segunda-feira (15), na Câmara Municipal de Campo Grande.

 

O debate foi convocado pela Comissão Permanente de Saúde, composta pelos vereadores Paulo Siufi (presidente), Dr. Jamal (vice), Coringa, Elizeu Dionizio e Chiquinho Telles.

 

De acordo com o vereador Paulo Siufi, que presidiu a Audiência Pública, “Queremos mais médicos sim, não somos contra essa medida, mas queremos isso com qualidade e com debate. Mas a presidente Dilma não teve essa iniciativa de debater com os conselhos, com a população para buscar a melhor solução para a saúde do nosso país”, afirmou.

 

O presidente do Conselho Regional de Medicina, Dr. Luiz Henrique Mascarenhas destacou os problemas relacionados ao Programa “Mais Médicos”, como o aumento de vagas nos cursos de Medicina, sem qualquer estruturação para receber os novos alunos. “Em 2014, teremos na UFMS vagas para 80 alunos no curso do Medicina, sem qualquer estrutura. Temos salas de aula que comportam 60 alunos, onde vamos colocar mais esses 20 alunos? Em Três Lagoas serão abertas 40 novas vagas, sendo que lá não tem nem Hospital Escola. Além disso, o Hospital Universitário de Campo Grande não tem como receber esses 20 novos alunos. Dessa forma não vamos formar médicos, vamos formar pessoas com conhecimentos básicos sobre saúde. Com esse aumento de vagas, em 2018 teremos 20 mil médicos formados por ano, sem condições de darmos uma residência adequada, que é imprescindível para o aperfeiçoamento do formando”, revelou Luiz Henrique.

 

O presidente do CRM questionou ainda a iniciativa de perdoar as dívidas das entidades filantrópicas, como as Santas Casas. “Hoje essa dívida das Santas Casas gira em torno de R$ 4,5 bilhões. Mas do que adianta perdoar as dívidas, se as Santas Casas estão sucateadas? Temos que investir na estruturação dessas unidades, só assim vamos melhorar a saúde. A situação é grave. A melhoria da saúde não depende só de mais médicos, mas de investimento e estruturação do sistema de saúde”, avaliou.

 

Para Mauro Luiz de Brito, que marcou presença na Audiência Pública representando o presidente do Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul, Marco Antonio Leite, a medida presidencial de aumentar em 12 mil as vagas para residência médica no Brasil até 2017 é impossível de realizar. “O atual programa de residência médica do país foi criado em 1948 e só hoje, mais de 60 anos depois é que temos 12 mil vagas para residência. Como vamos aumentar essas vagas em 100% em apenas 4 anos?  Não existem hospitais nem preceptores para isso. São uma série de propostas que, quem sabe como é a área de saúde, sabe que é impossível de realizar. Quem vai acreditar nisso? É absurdo fazer isso por MP”, salientou Mauro.

 

Paulline Carrilho
Assessoria de Imprensa da Câmara Municipal