29.11.2024 · 7:34 · Audiência Pública
A Comissão Permanente de Políticas e Direitos das Mulheres, de Cidadania e de Direitos Humanos da Câmara Municipal de Campo Grande promoveu uma audiência pública para debater o uso de celulares por crianças e adolescentes. O evento, que reuniu pais, educadores, profissionais da saúde e especialistas, teve como tema central “O uso de celulares por crianças e adolescentes: riscos, cuidados e controle”.
O encontro, realizado na noite desta sexta-feira (29), teve como objetivo sensibilizar a sociedade para os riscos do uso excessivo ou inadequado de dispositivos móveis, além de discutir estratégias para um uso responsável da tecnologia.
A vereadora Luiza Ribeiro, proponente da audiência, destacou a crescente exposição das crianças a tecnologias desde idades cada vez mais precoces. “As crianças, em idades cada vez mais precoces, têm tido acesso aos equipamentos de telefones celulares, smartphones, notebooks e computadores, com isso, as brincadeiras ao ar livre e a magia do brincar, além do contato com outras crianças, acabam ficando prejudicados. Nosso objetivo é dar início a uma discussão para avaliar o controle do tempo de telas, visando o equilíbrio e o uso positivo dessa tecnologia, sensibilizar a sociedade sobre riscos e cuidados, e também discutir projetos que tramitam na Câmara Federal sobre o assunto.”
O evento contou também com a participação do professor Paulo Paes, que abordou a mudança no estilo de vida da sociedade com o uso crescente de dispositivos eletrônicos. Segundo Paes, embora os aparelhos possam trazer grandes avanços, também geram impactos negativos, principalmente na saúde mental e cognitiva dos jovens.
“Temos uma mudança no modo de vida da sociedade, que está intimamente ligado ao uso de telas. Esses equipamentos podem trazer grandes avanços, mas trazem no seu bojo problemas de ordem social, de saúde mental e cognitiva. O problema vem sendo debatido há anos, mas agora que o Brasil está articulando um projeto de lei. O Brasil está se mobilizando tardiamente. Essa audiência é para que a gente comece a pensar isso de forma mais sistemática. Temos que pensar instrumentos de sensibilização.”
A coordenadora do Núcleo dos Direitos da Criança e do Adolescente da Defensoria Pública, Débora Maria Paulino, chamou a atenção para a necessidade de um debate mais amplo sobre o uso indiscriminado da tecnologia, questionando a eficácia da proibição.
“Precisamos refletir sobre esse uso, principalmente sobre o uso indiscriminado. A proibição é a solução? Estamos em um momento onde as crianças tiveram que se adaptar ao ambiente virtual durante a pandemia. Agora, simplesmente, proibir? Não queremos uma lei autoritária. A sociedade precisa constituir uma solução. Talvez, medidas de cuidado sejam mais adequadas. Até porque, como sabemos, o proibido é mais atraente muitas vezes.”
O promotor de justiça da Infância e Juventude, Oscar de Almeida, reforçou a importância de tornar os jovens responsáveis pelo uso dos dispositivos. “Mais importante do que impor restrições, é torna-los responsáveis. Ter a consciência no jovem de que é necessário o uso responsável. Trazer alternativas ao uso do celular para o jovem. É preciso brincadeira, jogos que possam, de alguma forma, envolvê-los em outras atividades.”
Edgar Lescano, técnico da Secretaria Municipal de Educação (Semed), também participou da discussão, sugerindo a implementação de uma educação midiática nas escolas para que as crianças compreendam o uso funcional desses dispositivos.
“A utilização desses aparelhos deve ser voltada às necessidades funcionais. Uma introdução à educação midiática seria interessante para que as crianças entendessem como funciona esse dispositivo a seu favor. É uma preocupação e é algo que devemos tomar cuidado.”
Por fim, Celi Corrêa Neres, presidente do Conselho Estadual de Educação, destacou a importância de uma mudança cultural em relação ao uso dos celulares. “Essa questão do uso do celular é cultural. Como muda a cultura? Com educação. Não é só na escola. Precisamos, a partir de agora, pautar uma educação midiática. Não é proibindo, mas educando e mudando mentalidade. Teremos de fazer um pacto realmente entre todas as instituições.”
Jeozadaque Garcia
Assessoria de Imprensa da Câmara Municipal