Alex: “Até por coerência, prefeito precisa reconhecer valor do terapeuta”
15.09.2011 · 12:00 · Audiência Pública
“Uma cidade que é governada há quase 15 anos por médicos não poderia estar passando por tantos e graves problemas no setor de saúde pública. A desvalorização dos fisioterapeutas é mais um sinal evidente desse quadro, que precisa ser mudado logo. Por isso, confio que o prefeito, médico que é, tendo jurado compromisso com a causa da saúde, haverá de dar aos profissionais da fisioterapia a necessária atenção e o valor que merecem”.
A afirmação é do vereador Alex (PT), depois de participar de audiência pública na manhã desta quarta-feira (14), no Plenário Edroim Reverdito, na Câmara Municipal de Campo Grande, quando ele e a presidenta da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos, vereadora Magali Picarelli (PMDB), defenderam a revisão dos honorários recebidos pelos serviços de fisioterapia e a elaboração de uma cartilha estabelecendo parâmetros para a fiscalização de clínicas pela vigilância sanitária.
O parlamentar petista disse que um dos resultados da audiência – a reunião dos profissionais e gestores da área com o prefeito Nelson Trad Filho (PMDB) – pode evidenciar uma resposta positiva às reivindicações da categoria. “Se os fisioterapeutas continuarem a ser tratados da forma atual, então teremos uma profunda e lamentável demonstração de incoerência da administração pública e, sobretudo, do administrador maior, que é um médico”, observou Alex.
Para o vereador, a importância dos fisioterapeutas tornou-se ainda mais ampla e determinante em Campo Grande por conta dos recordes no índice de acidentes de trânsito e de trabalho, entre outras ocorrências, que resultam em traumas tratados pela especialidade. “São profissionais que exercem um trabalho de alta precisão e de extrema responsabilidade na defesa e na proteção da vida humana. Precisam ser remunerados justamente e contemplados com melhores condições de trabalho”, frisou.
“Espero que tanto o Município quanto as demais instituições responsáveis pela área tomem as providências de justiça e reconhecimento hoje inexistentes”, assinalou Alex, referindo-se às responsabilidades da Prefeitura, do Instituto Municipal de Previdência (IMPCG) e da Caixa de Assistência dos Servidores Públicos de MS (Cassems).
Saúde pública
De acordo com o fisioterapeuta João Leite, presidente da Associação dos Serviços de Fisioterapia de Mato Grosso do Sul (Asserfis/MS), o debate sobre os honorários pagos por serviços de fisioterapia é uma questão de saúde pública e de dignidade à carreira. “Em Campo Grande, a cada ano, de três a cinco clínicas fecham por falta de condições de manter o negócio. E os profissionais que mantém suas clínicas abertas acabam tendo que atender um número muito maior de pacientes do que deveriam, o que muitas vezes inviabiliza oferecer um atendimento de maior qualidade à população. Enquanto o Cofito [Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional] sugere que se atendam dois pacientes por hora, o profissional acaba tendo que atender até 10 pacientes por hora para sobreviver”, reclama.
As razões para essas dificuldades, segundo Leite, seriam duas: a alta carga tributária sobre as clínicas de fisioterapia e o baixo valor pago pelas sessões. “Hoje, a Prefeitura paga apenas R$ 5,28 brutos por uma sessão ortopédica de fisioterapia. No Estado, a Cassems repassa R$ 6,66. Sobre esses valores temos que recolher cerca de 17% em impostos. É quase impossível sobreviver assim, até porque, em média, 70% da receita de um fisioterapeuta vem dos convênios. Pelas nossas contas, o valor pago por esses convênios teria que ser de pelo menos R$ 15 brutos por sessão”, destaca. O valor corresponde a apenas 50% do que consta no Referencial Nacional de Honorários Fisioterapêuticos (RNHF).
(Assessoria de Comunicação/Vereador Alex)