ícone whatsapp

Em conjunto, Odilon, Enfermeira Cida e Dharleng discutem projeto sobre violência obstétrica

16.08.2017 · 12:00 · Vereadora Enfermeira Cida

Em conjunto, os vereadores Odilon Junior (PDT), Enfermeira Cida Amaral (Podemos) e Dharleng Campos (PP) discutem um projeto de lei a respeito de violência obstétrica. A proposta feita pelo parlamentar Odilon tem as duas mulheres da Casa de Leis como co-autoras.

Antes de apresentarem o projeto no plenário da Câmara Municipal, os parlamentares realizaram uma audiência pública sobre o assunto. O evento foi realizado na segunda-feira (14) e contou a participação da defensoria pública, médicos, enfermeiros, técnicos, doulas, mães e pais, além de responsáveis por diversos hospitais de Campo Grande e de Sidrolândia.

“Nossa intenção é falar da violência sofrida por estas gestantes, de forma que isso não se torne mais comum. A violência por si só, já causa transtornos, principalmente em um momento em que as mulheres estão em uma fase tão mais frágil”, ressaltou a vereador Odilon.

“Sou enfermeira obstétrica e falo que não há necessidade de tocarmos nestas mulheres. O trabalho de parto é feito por elas mesmas. No momento delas. Seria menos invasivo se as intervenções fossem feitas apenas no caso de necessidade e não há todo momento”, frisou a parlamentar Enfermeira Cida.

Denúncias

Na audiência, diversos profissionais e até mesmo mães e pais contaram momentos difíceis que tiveram durante o parto.

“Fui obrigada pelo médico a ficar deitada para ter meu filho de parto normal, mesmo dizendo que era menos dolorosa, a posição em que estava era de cócoras. Após dar a luz, meu filho se quer ficou em meus braços e só depois de algum tempo, de eu ouvi-lo chorando, e ficar repetindo por várias vezes que eu o queria, é que me entregaram. Sem contar que meu corpo não expeliu a placenta, em vez de ser encaminhada para a curetagem, foi submetida a outra violência, a de ter o braço de um homem dentro do meu corpo. Sem êxito é que fui levada para onde deveria”, este foi o trecho de uma carta lida durante o evento por uma doula. “Esta mulher está aqui entre nós, mas ela ainda tem vergonha do que fizeram com ela e ainda tem ‘cicatrizes’ do que aconteceu. É delicado, mas isso tem que ser dito”, ressaltou Katiuce Assis.

Katiuce é psicóloga e também doula. “Me tornei doula, após também sofrer violência obstétrica. Fiz um plano de parto e ele não foi respeitado pelo médico plantonista, simplesmente, porque o médico estava cansado e não porque tive alguma complicação. E é por conta disso, que muitas mulheres querem ser acompanhadas por doulas e até ter o parto em casa, para não ter que passar por alguns constrangimentos, que não podemos chamar de ‘comuns’, esta cultura tem que acabar”.

Doula

A psicóloga explicou que já presenciou violência obstétrica durante alguns atendimentos. “Não podemos interferir. O que fazemos é o trabalho preventivo e caso isso ocorra, somos testemunhas, mas não podemos fazer nada naquele momento”, afirmou.

Outro direito enfatizado na audiência, foi da mãe ter um acompanhante durante o parto. “Isso tem que ser respeitado. Seja a doula, seja o pai ou os dois. O nascimento de um filho é único para ambos e o genitor não pode ser ‘barrado’ na porta do hospital para ficar preenchendo papéis enquanto o filho nasce”, comentou Angela Rios, representante da Rede Cegonha.

“Este tema ‘violência obstétrica’ precisa ser olhado com carinho e atenção, pois isso é muito sério e nós da associação Doulas de Gaia estamos à disposição para ajudar no que for preciso”, mencionou a pedagoga Fernanda Oliveira Leite, que é doula, educadora perinatal, além de vice-presidente e coordenadora pedagógica dos cursos da associação das Doulas de Gaia de Mato Grosso do Sul. 

Assessoria de Imprensa da Vereadora